Prezados,
Estudando a literatura a respeito da áudio-descrição, vemos diversos escritos, com tonalidades variadas.
Algumas definições seguem o tom de onde a áudio-descrição pode ser aplicada: no teatro, cinema,escola, empresa etc. Outras definições enfatizam a quem serve a áudio-descrição: Aos indivíduos cegos ou com baixa visão, aos usuários da internet, a todos que, em certo momento ou por dada razão estão impedidos ou limitados de ver um evento visual: uma pessoa em cadeira de rodas, em um museu, numa área inacessível à cadeira, por exemplo.
Há também, as definições que vão para uma leitura mais acadêmica, realçando que a áudio-descrição é uma forma de tradução visual semiótica, em que se traduz os eventos visuais em palavras.
A exemplo desta, citamos extrato de uma definição mais ampla que oferecemos em um artigo apresentado no Congresso de Educação Especial:
"...A áudio-descrição é um gênero tradutório semiótico que traduz/exprime os eventos visuais em palavras, as quais devem, com mesma magnitude e qualidade imagética, eliciar na mente de quem recebe a áudio-descrição (o usuário final da A-D), as imagens que aqueles eventos eliciaram na mente de quem os traduziu, isto é, na mente do áudio-descritor.
Para que seja áudio-descrição, a tradução visual deve visar ao empoderamento do cliente/usuário da áudio-descrição na apreciação, entendimento ou visualização dos eventos visuais traduzidos, de maneira honesta e sem a inferência, condescendência ou paternalismo do tradutor visual, sem a subestimação, generalização ou outra forma de barreira atitudinal do áudio-descritor para com seu usuário.
Em suma, a áudio-descrição traduz os eventos visuais em palavras, as quais podem aparecer na forma de:
palavras visuais (em tinta com tipo ampliado ou em fonte computadorizada que poderá ser lida com software ampliador de tela ou sintetizador de voz);
palavras hápticas (escritas na palma da mão, geralmente de pessoas surdocegas, ou escritas em Braille para ser lidas em suporte eletrônico ou em suporte tradicional);
palavras oralizadas (geralmente apresentadas na forma de voz humana gravada, ou, ainda, simultaneamente falada e lida hapticamente por meio da técnica do Tadoma, técnica de leitura vibro-háptica usada por pessoas surdocegas);
palavras oralizadas (com voz sintetizada, principalmente usada em computadores e celulares, em áudio-descrições de material didático);
palavras oralizadas (na voz humana do áudio-descritor que traduz simultaneamente o evento visual)."
Em todas essas matizes definicionais, contudo, permeia a grande diferença entre o que corriqueiramente fazemos ao descrever e a áudio-descrição propriamente dita: o empoderamento da pessoa com deficiência.
Assim, não basta enxergar para áudio-descrever,nem se o pode fazer, se o tradutor não enxergar ou enxergar pouco. Neste caso seria como querer ser tradutor, apenas sabendo os rudimentos de uma língua: pode-se ˜traduzir˜, mas não se o fará bem e, convenhamos, não será honesto cobrar pelo serviço de tradução, tampouco!
Quer saber mais?
Os interessados em descobrir mais sobre a Áudio-descrição, aprofundar-se no estudo da tradução visual, inteirar-se sobre o direito à acessibilidade comunicacional, e, muito mais no campo da inclusão da pessoa com deficiência, estão convidados a participar do II Encontro Nacional de áudio-descrição em estudo (Enades 2016, www.enades.com.br), a ocorrer em Maceió, AL., dos dias 2 a 7 de Maio próximo.
Cordialmente,
Francisco Lima
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