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Áudio-descrição: Opinião, Crítica e Comentários - blog de Francisco Lima

Oficina #Enades 2016:A produção da áudio-descrição na prática: Aplicando diretrizes basilares

por Francisco Lima

Prezados, vejam abaixo informações a respeito da oficina/minicurso que ministraremos no II Encontro Nacional de Áudio-descrição em Estudo (ENADES 2016, www.enades.com.br), a ocorrer de 02 a 07 de Maio próximo. Aproveitem para ler e conferir algumas das questões que abordaremos nesta oficina de produção de roteiro de áudio-descrição empoderativa. Não deixem de divulgar nosso evento e venham estudar a áudio-descrição, suas técnicas e aplicação. Cordialmente, Francisco Lima.

Oficina:
A produção da áudio-descrição na prática: Aplicando diretrizes basilares (duração: 4h –
Quarta-feira, das 14 as 18, Of. 06:
teórico-prático).
Ministrante: Dr. Francisco J. Lima

A luz viaja mais rápido que o som e, pela luz, é que vemos as imagens.
Não obstante, é pelo som que vibra no ar, a fala, que as imagens áudio-descritas chegam à mente do usuário da áudio-descrição.
Será, contudo, que a áudio-descrição é apenas uma descrição falada?

Pelo tato as imagens áudio-descritas podem chegar à mente dos usuários cegos ou com baixa visão, pelo roteiro em Braille ou com tipo ampliado; aos clientes surdocegos, pela sinalização em Libras tátil ou pela escrita na palma de suas mãos. E as imagem áudio-descritas devem chegar-lhes pelo tato com a mesma magnitude que chegaram aos ouvidos dos usuários ouvintes e aos olhos dos espectadores videntes.
Como será possível isso?

Assim como ocorre pela via auditiva, ocorrerá pela via tátil: uma áudio-descrição empoderativa levará, pelas palavras ouvidas (simultânea ou eletronicamente) e pelas palavras lidas eletrônica ou hapticamente) os eventos visuais à mente das pessoas cegas ou com baixa visão.
Como alcançar uma áudio-descrição empoderativa?

Diferente de uma descrição do dia-a-dia, a áudio-descrição é uma tradução em palavras empoderativas de um evento visual transmitido sonora ou hapticamente.
Como fazer da descrição uma áudio-descrição, uma tradução empoderativa?

Áudio-descrever com empoderamento é traduzir o que se vê. É levar à mente do usuário da áudio-descrição os eventos visuais, as imagens vistas pelo tradutor visual. E certo como dois mais dois são quatro, para ver é mister observar. Para observar é preciso enxergar. Para enxergar é necessário olhar.
O olhar é matéria de áudio-descrição, mas o estado que ele expressa não.
Como áudio-descrever a realidade e evitar a subjetividade?

A áudio-descrição é a tradução do que se vê, não do que se pensa que viu, acha-se que viu, deduziu-se que viu, daquilo que vai ser visto. Colidir com essas diretrizes não é uma questão de estilo, é erro.
Como não deixar-se enganar pelos olhos, para não enganar a mente?

Assim como ocorre com o tato, que leva sequencialmente as informações hápticas ao cérebro humano; a fala também as leva sequencialmente, porém, pelos ouvidos. E, como o som é mais lento que a luz, aquilo que se vê globalmente só pode chegar aos usuários da áudio-descrição se for traduzido em seguimentos claros: em frases curtas, com estruturas concisas, lógicas e empoderativas do evento visual.
Como produzir uma áudio-descrição com tais características?

A concisão que é diretriz basilar da áudio-descrição deve ser perseguida em sua completude, de modo que o cérebro tenha tempo de produzir as imagens que a ele chegam em partes, seja pela audição da áudio-descrição, seja pela leitura desta.
Então, negar a concisão onde ela é possível não é uma escolha, constitui erro!
Como identificar se o roteiro traduz com concisão?

Como sabemos, a informação que capturamos pela visão chega ao nosso cérebro de modo global e é processada de modo paralelo, concomitantemente, ao passo que a informação háptica ou auditiva chega ao cérebro em partes e é processada sequencialmente. Assim, tudo que vemos em simultâneo só podemos transmitir/mostrar ao cérebro via audição ou tato, se for em partes, com sequências lógicas, bem definidas, concisas, claras, corretas e específicas.
Logo, áudio-descrever do geral para o específico não é uma escolha, é quesito basilar da tradução visual. Negar a logicidade que a áudio-descrição exige não é uma escolha, é erro!
Em outras palavras, se desejamos que a áudio-descrição chegue de modo objetivo, isto é, real, na mente dos usuários da áudio-descrição, precisamos oferecer informações lógicas que traduzam o que requer a obra: que vão do geral para o específico, de cima para baixo, do primeiro plano para os demais, da esquerda para a direita, no sentido antihorário, no sentido horário, etc. Devemos exercitar a concisão (menos é mais); e devemos compreender que a diretriz “descreva o que você vê ”, não significa áudio-descrever tudo o que se vê, mas aquilo que é essencial do evento visual para que este seja reproduzido na mente do usuário da áudio-descrição.
Quer saber do que estamos falando?

Na presente oficina, buscaremos responder aos questionamentos feitos, com exercícios práticos, com base em diretrizes básicas da áudio-descrição e aprenderemos a identificar nas áudio-descrições correntes a ausência de diretrizes fundamentais. Veremos como a negativa às diretrizes da tradução visual prejudica a produção da imagem na mente de quem recebe a áudio-descrição e veremos que essa negativa está longe de ser uma escolha, e muito perto de ser um erro.
Vagas: 16
Francisco Lima